Anda comigo ver os aviões!
Portugal anda desde o dia 8 de Março de 1969 a fazer estudos para a construção de um novo Aeroporto em Lisboa e desde aquela data ninguém sabe muito bem quanto é que já se gastou em estudos, projectos e consultorias que visaram 17 localizações distintas.
Finalmente, na anterior legislatura, PS e PSD chegaram a consenso para fazer uma Avaliação Ambiental Estratégica.
Agora, depois da conquista da maioria absoluta por parte do PS nas últimas legislativas, Pedro Nuno Santos borrifou-se nos estudos, no ambiente e nas populações e decide avançar para a construção de 2 novos aeroportos. Não sabemos em que pressupostos foi baseada a decisão do Ministro, mas esperemos que não tenha sido por aquele método que utilizávamos na infância: o famoso pim-pam-pum!
O mais curioso da situação é que assim que o aeroporto de Alcochete estiver concluído, os outros serão desmantelados…!
Mas não é só nos aeroportos que se irá avançar com avultados investimentos (que parecendo que não, têm que ser pagos). Em Maio passado, Pedro Nuno Santos já tinha avançado com o TGV e na possibilidade de uma terceira travessia do Tejo. É que nós não queremos cá misérias!
E pensávamos nós que o Partido Socialista tinha alguma coerência.
Em 2007, Mário Lino, à altura Ministro das Obras Públicas, afirmou convicto que “Aeroporto na margem sul? Jamais!” (https://expresso.pt/dossies/diario/2020-02-24-Alcochete-jamais--Ha-dez-anos-esteve-para-acontecer--e-ha-quem-defenda-o-regresso-da-ideia-)
e António Costa, em 2015, anunciou com alarido que as grandes obras públicas só avançariam com a maioria de 2/3 do parlamento.
Em 2019, o Primeiro-Ministro reafirmava que não havia plano B para o Montijo e agora avança-se com uma solução diferente.
São demasiadas incoerências!
Mas nada do que se disse no passado agora importa, já que o Ministro das Infraestruturas parece que quer, pode e manda. Estará António Costa disposto a ceder ao magnânimo Pedro Nuno Santos, que se posiciona na sucessão à liderança do PS ou estará Pedro Nuno Santos a esticar demasiado a corda? Ou ainda, será tudo isto uma encenação?
Imagem: Henrique Monteiro (Henricartoon/SAPO)