Agosto não é um bom mês para adoecer!
Agosto não é definitivamente um bom mês para adoecer. Quem o diz é a Diretora Geral de Saúde e com toda a razão. Como sabemos, a maioria da população portuguesa vai a banhos em Agosto e ter que interromper as férias para adoecer não dá jeito nenhum.
Mas o alerta de Graça Freitas vai mais longe: "Agosto não é bom para se ter acidentes"! Claro que não. Como sabemos, Agosto é época alta para os incêndios e não há espaço para a malta andar para aí a espatifar carros.
Fiquem antes em casa, finjam que estão de novo em confinamento e sempre poupam algum para uma emergência (uma consulta no privado ou uma almofada financeira para quando o gasóleo estiver a 3,00€/litro).
Malta, sigam os conselhos da Graça Freitas e vão ver que acabarão por andar muito mais saudáveis e não dar cabo do já pouco robusto SNS. Outra das recomendações que a Diretora Geral de Saúde nos faz é que evitemos comer Bacalhau à Brás, pois os ovos não sendo suficientemente cozinhados podem constituir uma fonte de salmonelas. Segundo aquela autoridade de saúde pública, o Bacalhau à Brás estraga muitos fins de semana de Verão.
Contudo, parece que Graça Freitas não analisou a fundo a problemática dos consumos alimentares de risco no Verão. Caso contrário, decretaria a proibição de consumo das tão famosas bolas de berlim no areal.
Vejamos:
1. São fritas (muitas vezes em óleos manhosos) e enchem-nos de colesterol;
2. Têm recheio de ovo e com o calor facilmente se tornam igualmente uma fonte de salmonelas;
3. Se o vendedor as deixar cair na areia, ninguém percebe e podem dar-vos cabo dos dentes!
Mas não sejamos injustos com Graça Freitas. Por uma questão certamente ética e moral, a Diretora Geral de Saúde não mencionou a questão do perigo que o marisco constitui no Verão, pois são cada vez menos os portugueses capazes de adquirir tal iguarias.
Longe vão os tempos em que os mais modestos e humildes trabalhadores do campo iam a banhos com o seu tachinho de arroz feito ao romper da aurora, devidamente embrulhado em jornal, para o almoço realizado em pleno areal. Isso sim, eram tempos em que nenhuma salmonela se atreveria a atacar sistemas imunitários robustos e sistemas de saúde sem recursos. Nesses tempos até se dizia: "Dá Deus frio, conforme a roupa" .
Graça Freitas está a querer transformar aquele adágio popular, dando-lhe uma nova formulação: "Dá Deus urgências, conforme a capacidade de resposta do SNS"!